domingo, 21 de setembro de 2008

CANDOMBLÉ - CULTO AOS NKICES



Você sabe por que o culto do orixá é chamado de CANDOMBLÉ?

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.
Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.
Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.
Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orixá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.
Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?
Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.
Mas, por que esse culto foi denominado de CANDOMBLÉ?
Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.
A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.
Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir: Candomblé da Nação Ketu, Candomblé da Nação Jeje, Candomblé da Nação Angola, Candomblé da Nação Congo e Candomblé da Nação Muxicongo
A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.
Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.
Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.
Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.
Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.
No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.
Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.
Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.
O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.
Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.
A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.
Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.
O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.
A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.
Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO”.
A ORGANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NO NOVO MUNDO
Antigamente, na Nigéria, os dias da semana eram apenas 04 (quatro) e eram assim denominados:
1o dia - Ójumò Exu
2o dia - Ójumò Ogun
3o dia - Ójumò Xangô
4o dia - Ójumò Oxalá
Sendo que estes 04 (quatro) dias estavam ligados aos 04 (quatro) pontos cardeais:
1o a leste onde habita Exu
2o ao norte onde habita Ogun
3o a oeste onde habita Xangô
4o ao sul onde habita Oxalá
Como se pode observar, os yorubás tinham sua própria semana organizada que foi modificada ou adaptada à semana ocidental. Isto aconteceu porque não se manteve a tradição milenar de apenas 04 (quatro) dias.
Quando o Candomblé foi estabelecido na Bahia por Yanassó teve-se que se adaptar, como foi visto anteriormente, o culto para os moldes ocidentais, ou seja, cultuar vários orixás no mesmo espaço. Com esta junção, criou-se o que foi chamado Ójumò-osé ou dia de limpar ou ainda Ójumò-uenumó ou dia do descanso. Essa distribuição foi feita da seguinte forma:
2a feira de Exu e Omolu
3a feira de Ogun e Oxumarê
4a feira de Xangô e Oya
5a feira de Oxossy
6a feira de Oxalá
No sábado seria a vez de se cuidar de todas as Yas ou Mães que seriam: Oxum, Yemanjá, Nanã, entre outras. Já no domingo, cuidaria-se de Ibeji.
Esta distribuição foi feita para que cada Omon-orixá tivesse seu orixá ligado a um dia da semana e nesse dia esse omon-orixá estivesse na casa de Candomblé para prestar culto ao seu orixá, não fugindo assim com a sua responsabilidade de cuidar de seu orixá.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

HUMILDADE



HUMILDADE

Dom divino de ser simples modesto e saber distinguir a sabedoria de dar, cooperar sem cobrar a ninguém que foi feito. Submeter-se as tarefas que lhe é concedida, sem reclamar e fazer simplesmente com amor dentro de seu coração.

Humilde não é humilhar-se perante aos outros que os julgam por aparentemente ser considerado tolos, bobos etc., e sim mostrar quer podemos elevar os conhecimentos através desse dom que Deus nos deu.

Humildade é saber ouvir e falar nas horas necessárias, entender e aconselhar por mais alto que seja o seu grau de inteligência na hierarquia do seu convívio.

Ser humilde é não humilhar as pessoas com gestos, com palavras e atitudes que venham magoar o seu semelhante.

Como tudo tem um limite não vamos deixar que as pessoas abusem de nossa humildade, mostrando a elas que podemos com nossa simplicidade sem magoar, ofender que nos sabemos até quando vai nossa humildade e sutilmente mostra-lhe o caminho certo.

Humildade é uma virtude que todos deveriam seguir dentro do candomblé e outras religiões.

Wunji


INKICE - WUNJI – (SÃO COSME DAMIÃO)

Correspondente ao orixá ibeji.

IBEJI (ib: “nascer”.; eji (dois).

Ibeji na nação Keto, ou wunji nas nações Angola e Congo. É o orixá Erê, ou seja, o orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria, sua regência esta ligada a infância.

Ibeji esta presente em todos rituais, pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma casa de santo. E o orixá que rege a alegria, a inocência, a adolescência, independente do orixá que a criança carrega.

Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe: uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, se engatinhar, falar, seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante os vôos das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos elembre-se de uma felicidade, de uma travessura e você estarás viviendo ou revivento uma lencas desse orixá.

Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância, foi regido gerado e administrado por Ibeji.

Portando, ele já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós seres humanos, vivemos.

A historia de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança.

Ao menos para manter vivo este importante orixá, procure dar felicidade a uma criança, faça você mesmo o encantamento de Ibeji. E fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivendo. Transmite esta felicidade contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji feliz.

È costume na Bahia fazer o caruru de Cosme e no Rio de Janeiro, como tradição dentro da Umbanda, oferecer doces as crianças.


COLETÂNEA TATA GONGOFILA

sábado, 13 de setembro de 2008

A PALAVRA DE UM TATA.



No Abaçá de Obaluiaiê, trata-se exclusivamente de cuidar dos enfermos, vendo a causa e encaminhando ao médico ou dando a iniciação no mundo da nação, onde ele aprenderá os segredos de seu Orixá.

Quanto ao lado material é jogado os búzios e fazemos trabalhos de acordo com que o Ifá responde e que dependendo das circunstâncias e merecimento do consulente pode-se obter o que deseja, tenha fé naquilo que se deseja.

Quanto ao lado amoroso também atendemos dependendo das circunstâncias, (desentendimento entre casais para ver a causa, pois no mundo que vivemos hoje, há muita maldade, inveja etc.que podem atrapalhar a vida de um casal ), não fazemos amarração e não trazemos ninguém que não seja ser designado por Zambi ( que tudo na terra é como Zambi quer ou determina, pois não podemos fugir dessa regra pois forçando o que não é para nós, acabamos atropelando a vida e arranjando um carma para nós mesmos ).

Não adianta procurar esta casa para fazer qualquer tipo de maldade que seja, pois o candomblé é uma religião cristã, que não realiza trabalhos de magia negra etc., pois os orixás estão aqui para nos defender das maldades alheias. Os orixás são luzes que no conduzem os nossos passos, acalentando-nos e amando-nos. Tem pessoas que se dizem ser pai de santo, fazendo este tipo de trabalho, a casa está aqui para desfazer e defender das maldades que fazem às pessoas. O consulente quando procura a religião do candomblé e outras, vão à procura de paz interior para que possa resolver seus problemas. Não é de minha índole e nem desta casa em que sou o Tata de Nkice fazer maldade para as pessoas (Não se esqueçam os que fazemos hoje, amanhã nós colhereremos.).

A terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra.

Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue nos une a todos.

O homem não teceu a rede da vida, é apenas um dos fios dela.

O que quer que ele faça a rede fará a si mesmo.

Seattle.

A filosofia do Candomblé não e uma filosofia Barbara, e sim um pensamento sutil que ainda não foi decifrado

Roger Bastide.

MENTIRA


MENTIRA

Ato de mentir e falsidade que só traz desentendimento, entre as pessoas do seu convívio e acabam perdendo sua credibilidade.

A pessoa mentirosa destrói qualquer alicerce de relacionamentos (amorosa e amizade etc...).

“Na vida espiritual a pessoa pode mentir, enganar a si próprio, mais jamais vão enganar ou mentir para Zambi (Deus) e os NKICE (Orixás), que quando são descobertos pelo Tata (pai) e demais, são considerados elementos não bem vindo a comunidade a que pertencem”.

Sejamos verdadeiros para consigo próprio, amigos e irmãos, pois assim você estará obtendo créditos para o seu bem estar e convívio na comunidade a qual pertence.

“O maior mentiroso é aquele, que pensa que está enganando os outros, mas na verdade está enganando a si próprio”.

“Não viva dentro de sua mentira ponha ela para fora enquanto é tempo, pois Zambi e os Nkice nas suas infinitas misericórdias estão sempre a perdoar aqueles que reconhecem os seus defeitos, mas lembre-se que tudo tem limite, pois não construa uma mentira sobre outra, pois a falsa testemunha não ficará impune e os que respiram mentiras não escaparão”. A mentira é uma palavra mágica que não deveria ser usada em nenhuma religião, muito menos no candomblé.