quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

LENDA DE NKICE KITEMBU - TEMPO



Kitembu
Houve uma época em que as diembu bantu (tribos bantu) sofreram com a morte principalmente de crianças, e as mulheres com hemorragia não conseguiam parir.
O sobá (rei) então procurou o nganga ua ngombo (adivinho) e sugeriu que fizesse uma consulta através do minenge wa ngombo (cesto da adivinhação) para saber o motivo daquele sofrimento.
Nganga então obteve a resposta, as tribos bantu estavam sendo atacadas por mbungula (espiritos trevosos) e que deveriam prestar culto ao nkisi kitembu (nkisi da hemorragia da vida e da evolução) para que a vida voltasse ao seu ciclo natural, e o sobá imediatamente reuniu todas as tribos bantu que fizeram grande oferenda ao nkisi kitembu e da terra brotou um pó branco “pemba” que até hoje podemos ver em barrancos.
Pemba é o espirito do grande pai de todas as tribos bantu “nkuku a lunga” e esfregaram ao corpo aquele pó branco ficando livre de qualquer maldade e assim o povo bantu cresceu por toda a áfrica, e em homenagem ao nkisi kitembu levantaram um mastro bem alto com uma bandeira branca na ponta simbolizando “pemba” que quando balança com o vento mostra a direção que o povo bantu deve seguir para não ter sofrimento. Kitembu é simbolizado por uma grelha (suplicio, sofrimento) uma escada (crescimento, evolução) uma seta que aponta o duilo (fazendo uma ligação entre o céu e a terra), um ancinho instrumento agrícola próprio para juntar palhas (restos do suplicio humano) cabaça (masculino e feminino como conta a criação).


Acreditamos, cá entre nós, que pelo que conta a lenda, é que no Candomblé assentamos Kitembu representado nos seguintes SIMBOLOS, cuja interpretação dos mesmos é simples e coerente com essa lenda ancestral.

• O MASTRO ALTO COM UMA SETA NA PONTA (simboliza a busca da comunicação entre a terra e o céu)... A ponta da seta significa a persistência da busca pelo infinito a dentro.
• Uma BANDEIRA BRANCA simboliza os BAKULO (espíritos dos nossos antepassados que intercedem e interferem a nosso favor). A cor branca simboliza a espiritualidade, a energia pura. A ponta da bandeira indica o caminho a seguir...
• A ESCADA simboliza que a evolução humana é Lei da Natureza. Tudo tem que evoluir, porque nós humanos somos fadados à perfeição. Portanto, sendo a Terra um planeta de provação o melhor a fazer é tentar ser sempre melhor do que nascemos. Isso vale para todos os aspectos existenciais.
• O FOGAREIRO é o fogo universal, a centelha divina que está em tudo, queimando... transformando...
• A GRELHA simboliza o sofrimento, o suplicio humano... Que o ser humano vem para ser “assado” numa grelha até se “transformar”
• O RASTELO, instrumento agrícola, próprio para juntar palhas, simboliza que o tempo arrasta tudo... Inclusive os suplícios humanos... ou arrasta o próprio ser humano...
• O CIRCULO onde as cabacinhas estão penduradas, simboliza o ciclo existencial... a Vida.
• A KALABASA (CABAÇA) simboliza o Universo infinito, limitado no símbolo, de onde teve origem tudo que foi gerado. Portanto simboliza o poder gerador MASCULINO e o FEMININO.

Existe uma lenda bantu que conta que tudo teve origem do “saco da criação”, chamado FUCUM... É fácil constatar que um saco tem a forma de uma cabaça.

COLETANEA DE TATA GONGOFILA

LENDA NKICE KATENDE


Katende, se me alimento é graças a você

Nzambi ampungu (deus poderoso) que tudo criou, um dia ao observar os montes, vales e aguas, sentiu um enorme vazio. Então mandou chamar nkuku-a-lunga e disse consulte o oráculo pois quero povoar a terra de homens e mulheres para que se multipliquem. Nkuku-a-lunga disse que para sobreviverem teriam que se alimentar, então nzambi ampungu pediu para nkuku-a-lunga ir ter com os Nkices qual deles saberia dizer o que seria dado aos homens para se alimentarem. Pambu njila (o senhor dos caminhos) disse que sabia e quando os homens chegaram para povoar o iungo (terra), pambu njila deu a eles madeira para comer, não demorou e logo os homens voltaram para duilo (céu) e disseram a nzambi que todos tinham morrido pois comeram madeira e as suas barrigas furaram. Então caiaia (senhora das águas do mar) disse que sabia como alimenta-los e retornando ao iungo os homens receberam menha fresca para beber mas em pouco tempo estavam de volta para duilo, nzambi perguntou o que aconteceu e os homens disseram que caiaia lhes deu tanta menha (água) que eles derreteram. Nzambi então disse oiué (assim seja) e tomou uma decisão, que os homens habitassem o iungo e só retornassem ao duilo depois de terem tido uma vida de alegrias e tranqüilidade deixando filhos e netos no iungo...

Nkuku-a-lunga consultou novamente o oráculo e falou a nzambi que no duilo havia um Nkice que se portava estranhamente carregando com sigo muitas cabaças contendo sementes e grãos. Nzambi chamou este Nkice a sua presença e disse a ele o que estava acontecendo e ordenou que semeasse o iungo, este Nkice que se portava estranhamente carregando cabaças começou a jogar as mesmas no iungo e delas se espalharam sementes e grãos, nasceram macunde (feijão), calosó (arroz), disá (milho) e lúmbua (cebola) filossu (legumes) e todo tipo de vegetação. Enquanto jogava as cabaças caiu e como um ser da terra sem pai nem mãe brotou entroncou e encheu de folhas, enquanto os homens povoavam o iungo em definitivo onde viveram felizes e tiveram muitos filhos...

Nzambi feliz então disse logo mandarei kiama (animais) e os seres humanos sacrificarão para todos os Nkices durante os ebós e compartilharemos o alimento com muito catulê (respeito) e nguzu (força).

Por este motivo que na áfrica o homem acorda pega um pedaço de pau chamado pako esfrega nos dentes substituindo a escova, depois enxágua a boca com água fresca e vai se alimentar chamando os Nkices para compartilhar da sua comida...

Puxa mas quem era aquele ser estranho que carregava cabaças e caiu no iungo?

Será que em nossas visitas as matas para colher unsaba zambiri (ervas sagradas) já colhemos folhas dele sem te-lo reconhecido?

Será que nos lembramos de fazer oferendas para aquele que soube como nos alimentar?

Será que respeitamos a sua morada?

Será que nos sentamos a sua sombra e nem percebemos que estávamos a seus pés?

Será que lembramos o seu nome?

Será? Será? Será?

Uma coisa é certa, ele continua nos alimentando, nos curando e como por encanto ele sempre está perto quando precisamos de uma boa sombra para descansar...

Ke ambote katende

Zambi a quatessá

COLETÂNEA TATA GONGOFILA

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

LENDA NKICE MUTALAMBÔ E NGÒBILA



Mutalambô Descobre O Segredo De Mukila Mpakasa


Jikabila todos os dias levava os mpakasa (boi do mato) para pastar e notou que algo de errado estava acontecendo, pois cada vez que atravessava a floresta um de seus mpakasa desaparecia e o que se ouvia eram gritos roucos e assustadores. Então chegando a aldeia falou com o mukongo mutalambô que logo saiu a caça deste animal feroz que emitia sons roucos e devorava os mpakasa deixando apenas a cabeça.

Quando chegou a floresta mutalambô contava apenas com a proteção de um amuleto que havia ganhado de um ser encantado da floresta com o nome de aroni, batendo nas árvores afugentava npanzo (espírito que mora nas raízes das árvores) procurou por vários dias e noites e nem sinal do feroz animal, foi então até a beira do rio se lavar, lá chegando viu um ser meio gente e meio cobra, logo lançou mão de suas armas e com tal destreza apontou para o ser, mas no momento de atirar soou um eco e a terra enlameada se abriu.

Da mesma surgiu mametu zumba que impediu mukongo mutalambô de concretizar sua caçada. Pois o ser que estava na água era angorô que ao perceber o perigo se escondeu por de trás das nuvens. Local também de sua morada (ora nas águas, ora nas nuvens) então mametu zumba pérguntou a mutalambô: porque queria matar angorô. E este relatou o acontecido referente aos mpakasa de jikabila. E com a promessa de que não atiraria em angorô, mametu zumba pediu que mutalambô viesse junto com jikabila trazer os mpakasa para–bila (pastar) e quando escutassem o som rouco na floresta olhasse na água do rio e lhe seria revelado o verdadeiro culpado. Assim fez mutalambô, e quando escutou o som rouco olhou para as águas e no reflexo viu um ser vestido de vermelho. Era o nono filho de nbana. Mutalambô percebeu que ele andava por detrás das árvores esperando o momento de atacar os mpakasa pois cada vez que mpakasa balançava a cauda o nono filho de nbana corria espantado. Percebendo isto mutalambô se apoderou de um rabo de mpakasa e pediu para jikabila balançar toda vez que escutasse a voz rouca. Então nunca mais sumiram os mpakasa dentro da floresta. Não contente com a situação mukongo mutalambô se pôs em perseguição ao ser de voz rouca e vestimenta vermelha e com o rabo do mpakasa o dominou, certo que iria mata-lo armou seu golpe e rápido como um relâmpago entre eles surgiu uma bela mulher que pedia pela vida do filho. Era ela nbana linda e graciosa, então explicou a mutalambô que às vezes perdia o controle sobre o filho e o mesmo atacava rebanhos e pessoas. Mutalambô encantado pela beleza de nbana revelou a ela o segredo do rabo de mpakasa e esta passou a ter domínio total sobre o filho que em agradecimento passou a viver com mutalambô.

Mas isto é outra história... O certo é que todo bom pastor protege seu rebanho com mukila (rabo) de mpakaza (boi do mato)...

COLETÂNEA TATA GONGOFILA


Encontro Com Os Antepassados

Mukongo mutalambô como de costume havia adentrado as matas para mais uma caçada, pois dele dependia a maior parte do sustento da tribo, ao entardecer mugongo mutalambô percebeu a floresta diferente, havia uma névoa e os espíritos da floresta gritavam como se estivessem atendendo um chamado. Matalambô então de posse do rabo de boi do mato, mantinha os espíritos dominados, e com a chegada da noite a floresta ficou mais fria associada a lua.

Mukongo mutalambô ficou perdido por vários dias na floresta e sem o que comer já estava fraco, então começou a imitar canto de pássaros e gritos de feras para atrai-los na intenção de se alimentar, quando se viu envolvido por uma nuvem de abelhas que o conduziu até uma árvore magestosa, que ele nunca havia avistado e foi recebido por um antepassado mukongo de elefantes, mukongo mutalambô tratou de interrogar o homem de porte magestosa: o que está a acontecer?

E respondeu com voz firme e olhar penetrante: sou seu antepassado familiar.

E sem perceber fez um élo conosco, pois usa um rabo de boi do mato que significa tudo que ficou para tráz (o passado o espírito dos mortos), através dele nos comunicamos pois é um símbolo de realeza, de nós antepassados familiares, e explicou para mutalambô que naquele local deveria construir uma fortaleza onde deveriam cultuar seus antepassados familiares, e naquele momento mostrou o interior da árvore para mutalambô que continha um esqueleto do elefante mais velho da floresta e uma seiva que serviu de alimento a mutalambô. Era a comunhão com os antepassados e a ele foi dito: esta seiva (mel ) que apenas será servida a todos em louvor a nós antepassados ficará guardado pelas abelhas que servirão de mensageiras, pois elas significam a força feminina como a árvore que cedeu suas entranhas para ser depositado a seiva ( mel o alimento dos reis ), esta árvore significa sua mãe, e o elefante dentro dela o símbolo de realeza, e foi assim que mutalambô teve sua primeira experiência com os antepassados . E até hoje divide o mel com os filhos para lembrar os antepassados familiares. E só nesta ocasião lhes é servido o mel, que até mesmo para mutalambô se torna difícil a colheita, pois se não tivesse em mãos o rabo de boi do mato para afastar as guardiãs, não chegaria até a seiva...

COLETÂNEA TATA GONGOFILA


Ngòbila

Logo ao raiar do dia kissimbi se banhava no riacho mirando-se no espelho, pois antes de atender qualquer chamado se pintava e lustrava suas jóias e coquete como ela só, sempre se apresentava com uma beleza incomparável que poderia encantar até os pássaros da floresta, e não foi diferente com mukongo mutalambô, que ao ver kissimbi como por magia ficou encantado aproximando-se para apreciar tamanha beleza.

Kissimbi percebendo sua aproximação teve a visão de um caçador forte e viril que também a encantou. Então várias vezes mukongo mutalambô se aproximava da beira do rio para ver sua amada e quando não a avistava tocava sua trombeta feita de chifre, que carregava sempre consigo, avisando de sua chegada. Kissimbi então deixava seu reino e se entregava ao amor de mutalambô, que gerou um filho, mas como kissimbi não podia mante-lo em seu reino pois o mesmo era composto apenas por mulheres e a presença de homem era proibida, levou o filho nos braços até a margem e entregou aos cuidados do pai mutalambô.

Mutalambô adentrou a floresta com o filho nos braços, onde o criou e ensinou a arte da caça, foi quando passou a ser chamado de "ngòbila o caçador que se vestia apenas de tanga", era um eximio caçador e suas presas preferidas eram as aves por apreciar sua carne. Um dia ao perseguir sua presa se deparou com lindas mulheres que se banhavam no riacho, encantado com a beleza ngòbila passou a freqüentar o riacho todos os dias pescando e assim podia observar a beleza ali encontrada. As mulheres então informaram kissimbi que um homem todos os dias às observavam. Kissimbi então saiu de seu reino e veio até as margens do rio, logo que avistou o caçador reconheceu seu filho chamado ngòbila pelo pai, kissimbi ficou sem palavras e ngòbila sentiu o mesmo diante de tanta beleza, por um minuto se olharam e kissimbi percebeu que a vestimenta do filho era apenas uma tanga e vaidosa como ela só ofereceu um presente a ngòbila que nada entendeu.. Kissimbi desceu até o fundo do rio e trouxe uma armadura muito antiga e a lustrou presenteando ngòbila, logo em seguida voltou para o reino de seu pai vestido de bela armadura que agora o protejia na floresta, então relatou o fato a mutalambô que lhe revelou o segredo de seu nascimento e presenteou o filho com a sua trombeta de chifre dizendo: todas as vezes que quizer visitar sua mãe, toque a trombeta as margens do rio e ela virá a seu encontro. E toda vez que a trombeta é tocada kissimbi vem até as margens do rio para ver "terekumpenso – o pescador” seu filho e lustrar sua armadura... Ngòbila assim chamado por mutalambô quando está na floresta, recebe 21 kisaba (folhas) do pai e 16 da mãe. Terekumpenso chamado por sua mãe quando está a pescar na beira do rio, recebe 21 kisaba (folhas) da mãe e 16 do pai. Muitas vezes por sua armadura é confundido com incoce...

COLETÂNEA TATA GONGOFILA


LENDA NKICE NKOCE


Nkice Nkoce

Conta-se que os moradores de um vilarejo já não suportavam mais ter que pagar para entrar e sair, pois no portão pambunjila havia colocado um cão feroz que atendia suas ordens e recebia dos moradores o pagamento pela entrada e saída do lugar. Procuraram então o guerreiro jambá que conhecido por sua bravura em batalhas aceitou o desafio de passar pelo portão sem pagar pedágio. Colocou uma espada escondida em suas roupas e levou também um bastão mágico que utilizava em suas viagens para apontar o caminho certo. Chegando no portão o cão lhe disse: pague e poderá passar ou volte pelo mesmo caminho. Jambá não acatando a ordem continuou em direção do guarda do portão que avançou sobre ele, mas jambá o decapitou com um golpe de espada. Ao saber do acontecido pambunjila se fez presente e aproveitando a distração de jambá roubou o bastão e se lançou sobre ele a golpes de porrete e junto com pambunjila estavam um exercito de cães ferozes. Jambá então fugiu para a floresta e atrás dele foram pambunjila e os cães deixando livre o portão do vilarejo...
Jambá então lutou na floresta com muitos cães e decapitou quase todos, conseguindo despistar o inimigo...
Mas com suas roupas rasgadas pelos espinhos e pela batalha, cobriu-se com folhas de palmeira retornando para casa. E até hoje em dias de festa jambá se enfeita com folhas de palmeira para relembrar sua batalha contra pambunjila e seu exercito de cães, e os moradores dos vilarejos mantêm o ritual de decapitar um cão em homenagem ao nkisi jambá, aquele que livrou o vilarejo dos guardas de pambunjila...
Mas na batalha pambunjila ficou conhecido também como aquele que fez fugir para a floresta o inimigo a golpes de porrete...
“Pambu Kaloré”
“Pambu Tibiriri”

COLETÂNEA TATA GONGOFILA

LENDA PAMBUNJILA


Pambunjila

Em suas visitas diárias ao mercado pambunjila percebeu que um homem e sua família pediam o que comer, pois não conseguiam trabalho e eram tratados com sobras e restos do lado de fora do mercado, pois sua entrada era proibida devido sua enorme pobreza. Um dia pambunjila se vestiu também de mendigo e tentou entrar no mercado onde foi barrado. Pediu comida e foi lhe oferecido restos, então pambunjila entendeu o sofrimento daquela pessoa, e ao receber umas moedas como esmola o mendigo mesmo sem ter nada repartiu com pambunjila, e disse:

- Pobre homem que se encontra em uma situação como a minha, compre algo e leve a sua família. Pambunjila com a moeda comprou um cachimbo e uma flauta, hora fumava cachimbo ora tocava a flauta e todos que passavam deixavam ao lado daquela família um donativo, que sempre era repartido com pambunjila, e tantos foram os donativos que a família comprou uma casa, terra e sementes para plantar, e dividiam tudo que tinham com aquele homem que nunca parava de tocar a flauta e fumar seu cachimbo.

Mas com o passar do tempo a família se tornou muito rica e se esqueceram do amigo que junto com eles ficava na porta do mercado, só se preocupavam em gastar dinheiro, e não mais sabiam repartir seus bens e comida.

Um dia voltando para casa depois de vários dias de viagem e festas, repararam que o homem da flauta não mais tocava e também não fumava seu cachimbo, riram dele e se puseram a dormir, ao acordarem sua plantação estava toda seca já não mais brotava, tiveram sua casa roubada e sua comida já não conseguiam comprar, perderam tudo e voltaram a pedir na porta do mercado... “quando pambunjila fumava seu cachimbo e tocava sua flauta, ele restituía tudo que a ele era oferecido e por ele ingerido”. “se você não compartilha seus alimentos com pambunjila, ou não lhe faz oferendas, poderá pedir esmolas na porta do mercado”.

COLETÂNEA TATA GONGOFILA

CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO A TRADIÇÃO BANTU


Nzambi Anpungu (Deus Poderoso) Criou O Mundo E Tudo Que Nele Existe, Criou Também Uma Mulher Para Ser Sua Esposa E Para Que Por Seu Intermédio, Pudesse Ter Descendência Humana A Fim De Que Esta Povoasse A Terra E Dominasse Todos Os Animais Selvagens Por Ele Criado. Ela Se Chamaria Então Ná Kalunga, Em Virtude Da Filha Que Iria Dar A Luz Se Chamar Kalunga. Quando Kalunga Atingiu A Puberdade Nzambi Decidiu Sair Para Mostrar A Kalunga Tudo Que Tinha Criado E Após 3 Meses Retornaria. Na Viagem Logo Ao Anoitecer Nzambi Construiu Uma Kubata (Palhoça) Com Apenas Uma Cama, Se Recusando A Dormir Com O Pai, Kalunga Corre Chorando.
Nzambi Para Convence-La A Manda Voltar Para Não Ser Devorada Pelas Feras. Voltou Então E Dormiu Com Seu Pai Toda Viagem. Quando Retornaram Ná Kalunga Viu Que Sua Filha Estava Grávida, Enraivecida Com O Fato Se Enforcou Em Uma Arvore Perante Nzambi E Kalunga.
Nzambi Nada Fez Para Impedir, Pelo Contrário A Achando Indigna De Continuar A Ser Sua Esposa, Não Compreendendo Os Desígnios Para Povoar O Mundo Que Ele Tinha Criado Então Amaldiçoou E A Transformou Num Espírito Maligno A Quem Deu O Nome De Mulungi Mujimo (Ventre Ruim Da Primeira Mãe Que Existiu Na Terra).
Nzambi Passou A Viver Com Kalunga Que Passou A Se Chamar Também Ndala Karitanga E Com Isso A Segunda Divindade.
Um Dia Ndala Karitanga Passou A Sonhar Com Sua Mãe A Insultando, Dizendo Que Iria Devora-La.
Nzambi A Tranquilizou Dizendo Que Aquela Que Foi Sua Mãe Agora Era Um Espírito Mau Que Estava Apenas Pedindo Comida. Nzambi Fez Um Montículo De Terra Na Porta Da Kubata E Pediu Para Ndala Karitanga Buscar Um Animal Para O Sacrifício E Para Que A Mesma Disesse Ao Mesmo Tempo, (Minha Mãe Acabo De Vir Chorar-Te, Agora Não Voltes A Ter Comigo Outra Vez, Porque Se Volto A Ver-Te, Vou Prender-Te) (Mam É Nzanga Kudila Ni Malamba Kindala Kana Uiza Kukala Ni Kuami Akamúkua,Nda O Kudila O Kujibisa), Com O Tempo Kalunga Ou Ndala Karitanga Deu A Luz A Nkuku-A-Lunga (Inteligente), Passando Este A Ser A Terceira Pessoa Da Trindade Divina. Quando Cresceu Nzambi Lhe Deu O Poder Da Adivinhação, Nzambi Ordenou Que se Casa Com Kalunga (Para Se Tornar Pai De Todas As Tribos Bantu) E Concebeu 2 Filhos Primeiro Masculino Sá Mufu Segundo Feminino Ná Mufu.
Nzambi Ordenou Que Sá Mufu Casasse Com Sua Mãe E Ná Mufu Com Seu Pai Informando-Os Que Depois Daquelas Uniões As Seguintes Se Fizessem Só Entre Primos. Destas Uniões Nasceram Do Sexo Masculino - Kitembu-A-Banganga, Ndundu, Ngonga Umbanda, Kanongena, Kambuji E Outros. Do Sexo Feminino - Mujumbu, Ndumba Au Tembu, Samba Kalunga, Kasai, Lueji, Mukita E Outras. Nzambi Os Ensinou A Se Multiplicar E A Lutar Contra Doenças E Feitiços Que Os Seus Descendentes Viessem A Possuir. Após Deixarem A Vida Terrena Cada Um Dentro Da Sua Atribuição Iria Supervisionar O Mundo Que Ele Havia Criado. Nzambi Se Despediu E Levando Um Cão Que Sempre O Acompanhava, Se Dirigiu Para Sanzala Kasembe Diá Nazambi (Aldeia Encantada De Deus) Onde Recompensa Os Bons E Castiga Os Maus.
Naquela Altura As Rochas Estavam Moles Por Terem Sido Feitas Recentemente, E Até Hoje No Nordeste De Angola Se Pode Ver As Pegadas Na Rocha De Nzambi E Ao Lado Do Seu Cão (Segundo A Tradição Existem Pegadas Por Toda A África), Comprovação Feita Pela Seção De Arqueologia E Pré História Do Museu De Dundo - Angola (Que São Originais E Não Forjadas Pelo Homem) Segundo As Tradições A Morada De Nzambifica Entre Os Rios (Luembe E Kasai) Junto A Nascente Do Mbanze.

COLETÂNEA TATA GONGOFILA.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MITOLOGIA BANTU



As referências dos Jinkisi/Akixi e algumas referências aos Orixás yorubá mais conhecidos, entendamos estas semelhanças como caminhos, e não como individualidades.

No Brasil os cultos que prevalecem nos candomblés Angola, Congo (com algumas variações de casa para casa ou de família para família de culto).

Os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em kiimbundo ou kicongo (algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu até mesmo por haver a associação com as tradições Jejê Nagô, que foi em ultima instância prejudicial para as tradições bantu

Não que estas sejam mais certas ou mais erradas, mas que cada tradição deve ser mantida e respeitada, pois faz parte da história da própria humanidade, de como nos organizamos, como desenvolvemos outros falares, de como nos organizamos como sociedade, etc. e ao que parece, tínhamos um culto primitivo comum que com as distâncias das eras e também geográficas foi se modificando e incorporando novos elementos.

Acima de tudo está Nzambi Mpungu (um dos seus títulos) Deus criador de todas as coisas. Alguns povos bantu chamam Deus de Sukula outros de Kalunga e outros nomes ainda associam-se a estes.

O Culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias na beira de rios, embaixo de arvores ao redor de fogueiras Não tem representação física, pois os Bantu o concebe como o incriado, o que representa-lo seria um sacrilegio uma vez que Ele não tem forma.

No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é o princípio e o fim de tudo.

Na Mitologia Bantu - Mpambu em kikongo significa (Encruzilhadas) e Njila (Caminho).

Pambu Njila é um Nkisi, nome pelo qual é conhecido o orixá Exu em candomblés de Nação Angola. Intermediário entre os seres humanos e o outros Nkisis.

É o Senhor dos caminhos e dos começos. Guardião das aldeias e que tinha seu culto geralmente nas suas entradas, tal qual o exú yorubá ou o Legbara Daomeano. Ou seja, o caminho é o mesmo, muda-se o nome, a língua, algumas tradições, mas a idéia é a mesma, assimila-se Exu com Pambu Njila, mas cada tradição mantém suas especificações, mesmo que troquem a lingua falada ou o nome.

Nkosi - é um Nkisi no candomblés de Nação Angola - Senhor dos Caminhos, das estradas de terra, tem semelhança com o Orixá Ogum do Candomblé Ketu

Na Mitologia Bantu - Hoxi Mukumbi / Nkosi Mukumbi - O leão. O devorador de almas, o guerreiro, o lutador, o forjador, o senhor do ferro. Ligado a causas sociais e de lutas. Dai associar este culto com o Ogum dos Yorubá não foi difícil, pois o caminho mitológico é o mesmo. Todo povo africano cultuava o ferreiro e o guerreiro divino.

Na Mitologia Bantu - Katendê é o Senhor das florestas e das Jinsaba (plural de Nsaba), as folhas sagradas. Senhor das alquimias divina. Senhor do retiro e da vida de ermitão nas florestas, às vezes também entendido como sendo uma Senhora, mas em geral mantém a idéia masculina. O caminho é o mesmo do Ossain dos Yorubá ou Agué dos Daomeanos. Então os mais velhos entenderam assim e trocavam um nome pelo outro.

Mutalambô ou Lambaranguange é um Nkisi caçador, que vive em florestas e montanhas, é o Nkisi da fartura e comida abundante, assim como Kabila. Equivalente ao Orixá Oxossi do Candomblé Ketu.

Na Mitologia Bantu - Tat'etu Mutakalambô ou Mutakulamburungunzo (o mais velho) - O Caçador divino. Todos os povos antigos tinham o seu caçador e defensor divino que era responsável pela fartura e pela defesa da aldeia.

O Caçador divino não é ninguém. Cada povo lhe entendeu de um jeito e lhe representou na sua cultura e na sua língua, mas faz parte do inconsciente coletivo de tempos imemoráveis.

Também andam neste caminho Nkongobila/Telekompenso. Estes caçadores bantu para se identificarem com qualquer outro caçador mitológico não foi difícil. Ai entra o Oxossi os Odé dos Yorubá e até os caçadores ancestrais brasileiros , como caboclos.

Na Mitologia Bantu - Nsumbu ou Kaviungo - Senhor da terra. Do chão. É um Nkisi Nsi. Tem caminhos com antepassados e une-se a eles para encaminha-los. É o senhor da ráfia (palha-da-costa) e das enfermidades. Como está no mesmo nível mitológico de Obaluaiyê/Omolu os mais velhos viram sua representação mitológica.

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Na Mitologia Bantu - Katendê é o Senhor das florestas e das Jinsaba (plural de Nsaba), as folhas sagradas. Senhor das alquimias divina. Senhor do retiro e da vida de ermitão nas florestas, às vezes também entendido como sendo uma Senhora, mas em geral mantém a idéia masculina. O caminho é o mesmo do Ossain dos Yorubá ou Agué dos Daomeanos. Então os mais velhos entenderam assim e trocavam um nome pelo outro.

Na Mitologia Bantu - Kindembu, Kitembo mais conhecido no Brasil como 'Tempo' - Ligado ao tempo cronológico e mitológico. O Nkisi das transformações o que guia o seu povo nômade através da sua bandeira branca, assim todos, por longe que esteja pode se unir ao líder, por que o mastro da sua bandeira é tão alto que pode ser visto de qualquer lugar. O que não deixa os caçadores perdidos (pois os Nkisis são, em sua natureza primeira todos caçadores e guerreiros, pois assim a aldeia e seus descendentes estariam garantidos). Nzara Ndembu (gloria ao tempo) ou Zaratempô. Ligado à ancestralidade, devido a sua ligação com Kaviungo . Este é o menos sincretizado, embora muitos o concebam como Irôko/Loko, da mitologia Jeje/Nagô.

É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca, também chamada de Bandeira de Tempo.

Kitembo é um nkisi raro com poucos filhos. Associado com o Iroko Yorubá é também visto como a Gameleira Branca, árvore sagrada. O sociólogo Reginaldo Prandi (Mitologia dos Orixás, 1998) afirma que o fato de ser um inquice das florestas fizeram com que seu culto diminuisse e contribuisse para a diminuição do número de seus filhos de santo.

Kitembo é irmão de Kafundegi, Katendê e Hongolo, respectivamente associados com Obaluaiyê, Ossaim e Oxumarê. Segundo o candomblé Bantu, Kitembo tem uma forte ligação com Kafundegi, sendo que os filhos de Kitembo e deste Nkisi se parecem. Os quatro são os (inquices monstros), filhos imperfeitos de Nzumbarandá (associada com Nanã dos Yorubá) que foram depois recolhidos por NKaiala (Iemanjá) e encantados por Lembarenganga (Oxalá). Na Mitologia Bantu, Tat'etu Nzazi é o raio sagrado. Ligado à justiça, ao fogo e de natureza arrojada. Mitologicamente cavalga os céus com seus 12 cães (raios) e executa a justiça. Neste caminho também anda Sango dos Yorubás.

No candomblé Bantu, Nzazi e Loango são o próprio raio. Representam a união entre os dois mundos: o Ixi (a Terra) e o Duilo (o Céu). Sua ferramenta representa bem isso com duas cabaças unidas por um pedaço de bambu. É a própria representação do raio que num piscar de olhos cruza o céu eHongolo ou Angorô - É o Nkisi que auxilia a comunicação entre os seres humanos e as divindades. É um tipo de cobra e por ter um colorido em seu couro bastante característico e semelhante ao colorido do arco-íris sempre que aparece um arco-íris no céu os bantu saúdam Hongolo pois Ele está entre eles.

Na Mitologia Bantu Tat'etu Hongolo ou Angorô - É o arco-iris, ligado aos movimentos de subida e descida das águas. Também identifica-se com a cobra sagrada que aparece em todas as mitologias antigas.

Identificar este Mukixi/Nkisi com Bessém dos Daomeanos que algumas famílias de angola no Brasil cultuam como um Vodum mesmo, por herança, ou como Oxumarê dos Yorubás. hongolo lê (Arco-iris hoje) cai na terra transformando a matéria.

Na Mitologia Bantu - Mbambulucema, Bamburucema ou Matamba - Ligada aos ancestrais Yumbi Nvumbi e ao fogo, bem como aos fenômemos que vem no Duilo (céu), como tempestades, etc. É o caminho do Orixá Oyá do Candomblé Ketu.

Ndanda Lunda ou Dandalunda - é a Nkisi do Candomblé Bantu considerada a Senhora da fertilidade e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi.

Ndandalunda - Nda - Senhora. Ndanda - Nobríssima senhora - Princesa, rainha, Senhora de grande prestígio, cultuada na terra dos Lundas. Senhora de riquezas ligada ao ouro e aos dengos femininos, bem como ao fertilidade e nascimento. Tem fortes ligações com Hongolo, devido ao movimento das águas. Não é nenhum sacrilégio identifica-la com a Ya Oxum dos Yorubá. Ndandalunda Kisimbi, Ndandalunda kia Maza. Neste caminho também está Kisimbi, como sra das águas doces.

Mikaia, Nkaia ou Kaia(la) - Senhora das águas. Nível mitológico das sereias. Das grandes mães mitológicas. Juntamente com Ndanda Lunda e Kisimbi se tornam a mãe d'água. Esta divindade é identificada com Iemanjá dos Yoruba. Andam neste caminho Nkukueto e até kissanga (que também é uma sereia).

Nzumbá - Senhora do roxo. Senhora dos antepassados mistérios antigos. Senhora muito similar em sua mitologia à Nanã Buruku. A mais antiga das mães. A mãe ancestral. A anterior a era dos metais e das grandes descobertas. Ligada ao culto da vida e da morte, por ser ela detentora destes segredos.

Nkasuté Lembá - Lembarenganga - O Senhor do Mulele Ndele (Pano branco). O Senhor ligado a criação. Embora também se manifeste como um guerreiro audaz (Nkasuté Lembá) traz em seu caminho a representação dos muitos tempos passados e eternos, pois se apoia em um cajado ritual, que significa que Ele merece respeito por ser o mais Nkakulu (velho). Saudação: Pembelê Lembá (Eu te saúdo Lembá).

WAPEDIA – COLETÂNEA DO TATA GONGOFILA.

A COMIDA DOS NKICES

A grande tradição das práticas Angola-Congo está situada especialmente, no candomblé bate-folha, Salvador, na roça onde as árvores sagradas de Zacaí e Upamzu recebem seus sacrifícios e alimentos, além de outras importantes práticas exclusivas dos preceitos desta nação em que se falam línguas Bantu.

Os pejis internos dedicados aos cultos dos Nkices recebem os preceitos do ritual Angola Congos e tem na culinária votiva momentos de destaque para a manutenção dos valores sagrados e sobrevivência de tradições especiais e voltadas à África.

A marcante influência iorubana não deixou de transpirar mesmo nas comunidades tradicionais que seguem outras práticas, como a Moxicongo e Jeje.

A importância de alimentar os Nkice e a fartura das comidas do cardápio ritual à assistência caracteriza as festas públicas do terreiro Bate-Folha, em sua sede, sem Salvador e no Rio de Janeiro.

O calendário é marcado por festas importantes como a kukuana, que é dedicada a Kanjanjá, sendo uma cerimônia similar a Olubajé das casas de Ketu.

Na Kukuana os alimentos de Kanjanjá também são servidos em folhas de mamona, que funcionam como recipientes para as variadas comidas que preparadas dentro do fundamento, irão agradar aos Nkices e à assistência, que participa do grande banquete sagrado. O cortejo com as muitas comidas retiradas do santuário chega ao local público onde culmina a Kukuana.

O feijão de Omolu, amendoim torrado, aberém, milho ralado com azeite-de-dendê, deburu e as outras comidas chegam ao barracão em cortejo solene e, geralmente. ao ar livre, é servido o banquete. Banhos de deburu acontecem, atuando como purificação mágica e limpeza ritual.

As festas das iabás, englobando todas as divindades caracterizadas como femininas, tem cerimônias comuns, incluindo-se sacrifícios, alimentação e danças rituais.

Mavambo pode receber todos os alimentos, tendo preferência pela farofa-de-dendê e pelo feijão torrado e moído. Colocam-se essas comidas em um utensílio, dividindo a metade com farofa de dendê e a outra metade com feijão preto torrado e moído. As carnes dos sacrifícios são oferecidas assadas, cozidas ou cruas, e Mavambo recebe outras farofas além da de aguardente

Mukumbe tem na raiz de inhame acará assado o prato de sua predileção. A raiz é cortada, colocando-se azeite-de-dendê, enfeitando-se com ponteiras de dendezeiro. Acarajé, feijão preto torrado farofa vermelha e milho vermelho cozido constituem os alimentos do Nkice da guerra e dos metais

Kabila come milho ralado com garapa; Kissimbi, omolocum; Bamburucena, o acarajé e o abará, além do acaçá vermelho servido a todas as iabás. Micaia come o ebô feito com milho de canjica e azeito doce, salsa e um pingo de azeite de dendê, além dos demais alimentos a base de milho e camarões com dendê.

A festa de Wungi – divindade situada ao mesmo nível dos Ibejis para os terreiros ketu – tem a cerimônia do caruru, onde são servidos todos os pratos comuns: acaçá, bolo de arroz, abará acarajé, deburu, vatapá, além de carnes das matanças preparadas no azeite-de-dendê com os condimentos característicos.

Kitempo – divindade marcante dos rituais Angola-Congo – é homenageado, recebendo os sacrifícios de galo, cabrito e deburu, além das bebidas. No assentamento externo do Kitempo, junto à arvore sagrada, onde acontecem as cerimônias.

Katendê se alimenta de feijão-fradinho torrado, além dos animais da matança, preparados com azeite-de-dendê. É um Nkice ligado às folhas litúrgicas e medicinais. Recebendo suas comidas em seu assentamento, quer geralmente é externo ao peji.

Lembá tem seus pratos preparados com ori e cebolas, não recebendo sal ou qualquer tempero de cor, e o dendê é tabu para os pratos desse Nkice. Acaçá branco, ebô, ibi, cabra, galinha branca e galinha d’angola, pata branca complementam o cardápio votivo que culmina no ciclo das águas.

Nas práticas do Bate-Folha, os preceitos Angola-Congo são guardados com rigor, seriedade e respeito aos Nkices e ancestrais.

Texto retirado do Livro SANTO TAMBÉM COME de Raul Lody

COLETÂNEA TATA GONGOFILA.