quinta-feira, 23 de outubro de 2008

TÓPICOS SOBRE O CANDOMBLÉ


A casa de candomblé é onde os adeptos se reúnem para cultuar os seus nkices.

Os nkices são os regentes da nossa personalidades, são aqueles que quando são bem cuidados “como uma semente bem tratada é que mais tarde darão bons frutos” e é o nosso mediador das nossas privações.

“Através da religião, somos nós que resolvemos nossas vidas, os nkices estão dentro de nós e não fora. Se não lutarmos para melhorar a vida, nkices nenhum vai ajudar. Não é só dar um presente para Oxum e a pessoa e pensar que no dia seguinte, os nossos problemas estarão resolvidos”.

4.Não se deve tirar a de uma árvore sem precisão, é o mesmo que matar uma pessoa. Alguém gosta de perder um braço, um olho, um pé? Por que arrancar uma flor é jogá-la fora? O candomblé é a natureza viva. Não há nkices sem terra, mata, rios, céu, trovão, raios e mares.

5. Aos nkices não interessa as opções sexuais, ideológicas e política de casa um “No candomblé tem homossexual e outros. São todos bem vindos. Nós não tentamos mudar o destino de ninguém, que o destino ninguém muda. Nós ajudamos as pessoas a serem mais felizes dentro do destino que lhe foi reservado”.

6. nkices não tem fronteiras, pátria, cor da pele, está em todo lugar a todo o momento, existindo de forma muito sublime no coração dos que adotam.

7. Temos que separar o que é manifestação ou chamamento dos nkices do que é simplesmente histeria. Jogamos os búzios e, a depender disso, encaminhamos a pessoa para mergulhar nos mistérios do candomblé ou para o divã de um psiquiatra.

8. A religião Afro-Brasileira é a expressão e a procura constante da harmonia entre os homens e entre os diversos domínios da natureza e da existência cósmica e humana. A revolta representada por Njila faz parte desta procura ele introduz a desordem para restabelecer a harmonia rompida.

9. Um terreiro de candomblé tem sua gente, seu pedaço de terra, suas técnicas tradicionais de trabalho, seu sistema de distribuição e de consumo de bens, sua organização social, bem como seu mundo de representação.

10. Os nkices são forças que governam o mundo em nome de Zambi, atuando em vários níveis da realidade. No nível cosmológico os nkices representam elementos da natureza, ou poderes primordiais: o ar, á água, o fogo, a terra, a natureza, a civilização. Estão associados as funções sócias ou naturais, tais como ofícios mecânicos, caça, justiça, guerra, maternidade, è geralmente identificados como antepassados míticos. Representam finalmente estereotipo das personalidades, possuem um temperamento próprio, que seus devotos reproduzem e constituem um dos elementos da pessoa humana.

11. Njila introduz a desordem no mundo divino e humano a serviço da continuidade da ordem cósmica e social, é porque no pensamento africano a continuidade do sistema implica na necessidade dinâmica de mobilidade e manipulação. Njila mantém a continuidade da ordem, submetendo a está dinâmica. Desta maneira, o universo é concebido com um complexo de forças que se defrontam, opondo-se ou neutralizando. O equilíbrio atingindo na configuração dos sistemas não implica em harmonia estática e estruturada, mas é sempre uns equilíbrios instáveis, dirigidos por principios dinâmicos e estruturantes. Njila é este principio. Ele representa e transporta o axé (força sagrada). O axé designa, em nagô, a força vital que assegura a existência dinâmica, permitindo o acontecer e o devir. Njila representa esta força encontrada em todos os elementos animados e inanimados e define a ação e a estruturas desses elementos. Ele transporta o axé mantendo a intercomunicação entre os diferentes domínios do universo. A força vital é única e vários são as suas manifestações. Njila é ser a força que participa e pertence a todos os domínios existentes.

Tata Gongofila.

TUMBA JUNÇARA


O Tumba Junçara foi fundado em 1919 em Acupe, na Rua Campo Grande, Santo Amaro da Purificação, Bahia, por dois irmãos de esteira cujos nomes eram: Manoel Rodrigues do Nascimento (dijina: Kambambe) e Manoel Ciriaco de Jesus (dijina: Ludyamungongo), ambos iniciados em 13 de junho de 1910 por Maria Genoveva do Bonfim, mais conhecida como Maria Nenem (Mam'etu Tuenda UnZambi, sua dijina), que era Mam'etu Riá N'Kisi do Terreiro Tumbensi, casa de Angola mais antiga da Bahia. Kambambe e Ludyamungongo tiveram Sinhá Badá como mãe-pequena e Tio Joaquim como pai-pequeno.

O Tumba Junçara foi transferido para Pitanga, no mesmo município, e depois para o Beiru. Após algum tempo, foi novamente transferido, para a Ladeira do Pepino nº 70, e finalmente para Ladeira da Vila América, nº 2, Travessa nº 30, Avenida Vasco da Gama (que hoje se chama Vila Colombina) nº 30 - Vasco da Gama, Salvador, Bahia.

Na época da fundação, os dois irmãos de esteira receberam de Sinhá Maria Nenem os cargos de Tata Kimbanda Kambambe e Tata Ludyamungongo. Manoel Ciriaco de Jesus fez muitas lideranças de várias casas, como Emiliana do Terreiro do Bogum, Mãe Menininha do Gantois, Ilê Babá Agboulá (Amoreiras), onde obteve cargos. Tata Nlundi ia Mungongo teve como seu primeiro filho de santo (rianga) Ricardino, cuja dijina era Angorense.

No primeiro barco (recolhimento) de Tata Nlundi ia Mungongo, foram iniciados 06 azenza (plural de muzenza). Em sendo o seu primeiro barco, ele chamou o pessoal do Bogum para ajudar. Os 03 primeiros azenza do barco foram iniciados segundo os fundamentos do Bogun: Angorense (Mukisi Hongolo), Nanansi (Mukisi Nzumba) e Jijau (Mukisi Kavungu), os 03 outros azenza foram iniciados segundo os fundamentos do Tumba Junçara.

No Rio de Janeiro, fundou, com o Sr. Deoclecio (dijina: Luemim), uma casa de culto em Vilar dos Teles (não se sabe a data da fundação nem a relação de pessoas iniciadas). Dentre as pessoas iniciadas, ainda existe, na Rua do Carmo, 34, Vilar dos Teles, uma delas, Tata Talagy, filho de Sr. Deoclecio .

Com a morte de Manoel Rodrigues do Nascimento (Kambambe), que assumira sozinho a direção do Tumba Junçara, Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo) assumiu a direção até sua morte, a qual ocorreu em 4 de dezembro de 1965.

Com a morte de Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo), assumiu a direção do Tumba Junçara a Sra. Maria José de Jesus (Deré Lubidí), que foi responsável pelo ritual denominado Ntambi de Ciriaco, juntamente com o sr. Narciso Oliveira (Tata Senzala) e o sr. Nilton Marofá.

Deré Lubidí era Mam'etu Riá N'Kisi do Ntumbensara, hoje situado à Rua Alto do Genipapeiro - Plataforma, Salvador, Bahia, e de responsabilidade do sr. Antonio Messias (Kajaungongo).

Em 13 de dezembro de 1965, após o ritual de Ntambi, Maria José de Jesus (Deré Lubidí) passa a direção do Ntumbensara para Benedito Duarte (Tata Nzambangô) e Gregório da Cruz (Tata Lemboracimbe), e em ato secreto é empossada Mam'etu Riá N'Kisi do Tumba Junçara.

Maria José de Jesus (Deré Lubidí), em 1924 recebeu o cargo de Kota Kamukenge do Tumba Junçara, e em 1932, o cargo de Mam'etu Riá N'Kisi. Em 1953 fundou o Ntumbensara, na Rua José Pititinga nº 10 - Cosme de Farias, Salvador, Bahia, que em 18 de outubro de 1964 foi transferido para o Alto do Genipapeiro.

Com o falecimento de Deré Lubidí, assumiu a direção do Tumba Junçara a Sra. Iraildes Maria da Cunha (Mesoeji), nascida aos 26 de junho de 1953 e iniciada em 15 de novembro de 1953, permanecendo no cargo até o presente momento.

Esta é uma síntese do histórico do Tumba Junçara, com agradecimento especial a Esmeraldo Emeterio de Santana Filho, "Tata Zingue Lunbondo", pelo referente histórico, e também a "Tata Quandiamdembu", Esmeraldo Emetério de Santana, o Sr. Benzinho, pois sem sua colaboração não poderíamos ter chegado a tais fatos.

Tumba Junçara é uma das nações do candomblé.

COLETANEA TATA GONGOFILA

CABOCLO DO BRASIL


INFLUENCIA DO CABOCLO NA NAÇÃO ANGOLA

O Caboclo é identificado como sendo de origem indígena. Vale ressaltar que ao invés da denominação índio, os adeptos o distinguem como a denominação genérica Caboclo.
Quando os africanos sejam eles de angola, Benin, etc., chegaram ao Brasil, encontraram os Tupinambás. Eles são os donos da terra, por isso são respeitados dentro da nação Angola, pois os Angolanos se deram muito bem com eles.
Os Caboclos ampararam os escravos Angolanos, quando eles conseguiam fugir e eram acolhidos pelos Caboclos em suas aldeias, e quando os capitães do mato iam procurá-los, metiam-lhes flechas. Os maiores guardiões dos africanos foram os Caboclos. Todo mundo sabe que Caboclo não gosta de “batalhar”. A prova é que com tanto Caboclo que tinha aqui no Brasil, foram buscar escravos longe, mas não pegaram os Caboclos, porque os Caboclos não conheciam o medo e não dava pra escravizar-los pois eles se matavam mas eles não trabalhavam de graça para ninguém. Caboclo só trabalha para ele.
- Os escravos Angolanos (Bantu) falavam o Português pois viviam há muito tempo com os índios e os Portugueses que dominavam todos no Brasil e em Angola, enquanto outros escravos que aqui chegavam, só falavam em Yorubá. Os negros de Angola no meio de maus tratos, muitos ferros e muitas marcas de ferros em brasa, foram formando laços de família com os brancos, com os índios e se adaptaram muito a nossa língua e a religião católica.
Quando os Ketus resolveram organizar o culto afro para viabilizar que eles principalmente pudessem cultuar seus Deuses aqui, os Bantus já estavam muitos aculturados aos costumes nativos e portugueses, não dava para esquecer tudo e ser puramente Bantu, nem esquecer tudo e ser puramente Brasileiro. Já os Ketus não, eles estavam com a mente mais fresca, os senhores já não eram os miseráveis do início da colonização, os missionários já se levantavam a favor dos negros e tudo foi mais favorável a eles.
- “O culto ao Caboclo no candomblé baiano data da segunda metade do século XIX, e, portanto, é anterior a formação da umbanda. Nesse sentindo podemos lembrar que o chamado candomblé de Caboclo foi a matriz inspiradora da umbanda tanto pela mistura de influências indígenas, católicas e Kardecistas quanto pelo grau de nacionalismo que se nota na existência do Caboclo.
A glorificação do Caboclo no candomblé baiano como símbolo nacional foi após a independência da Bahia em 1923, e de que maneira que o desfile sócio político do dia 2 de julho se relaciona com as práticas religiosas dos terreiros. Por isso o 2 de julho ficou popularmente conhecido como a “Festa do Caboclo”, onde este é a principal figura do desfile.Convém ressaltar que nesta data o povo de Santo da Bahia cultua o Caboclo nos seus candomblés com festas e oferendas, ao longo do dia e entrando pela noite.”
- Textos retirados da entrevista do Pai Passinho Sr. Esmeraldo Emérito de Santanna – Xicaragomo.
- Pesquisa retirada do livro de Jocélio Teles dos Santos “O Dono da Terra”

COLETANEA TATA GONGOFILA