A casa de candomblé é onde os adeptos se reúnem para cultuar os seus nkices.
Os nkices são os regentes da nossa personalidades, são aqueles que quando são bem cuidados “como uma semente bem tratada é que mais tarde darão bons frutos” e é o nosso mediador das nossas privações.
“Através da religião, somos nós que resolvemos nossas vidas, os nkices estão dentro de nós e não fora. Se não lutarmos para melhorar a vida, nkices nenhum vai ajudar. Não é só dar um presente para Oxum e a pessoa e pensar que no dia seguinte, os nossos problemas estarão resolvidos”.
4.Não se deve tirar a de uma árvore sem precisão, é o mesmo que matar uma pessoa. Alguém gosta de perder um braço, um olho, um pé? Por que arrancar uma flor é jogá-la fora? O candomblé é a natureza viva. Não há nkices sem terra, mata, rios, céu, trovão, raios e mares.
5. Aos nkices não interessa as opções sexuais, ideológicas e política de casa um “No candomblé tem homossexual e outros. São todos bem vindos. Nós não tentamos mudar o destino de ninguém, que o destino ninguém muda. Nós ajudamos as pessoas a serem mais felizes dentro do destino que lhe foi reservado”.
6. nkices não tem fronteiras, pátria, cor da pele, está em todo lugar a todo o momento, existindo de forma muito sublime no coração dos que adotam.
7. Temos que separar o que é manifestação ou chamamento dos nkices do que é simplesmente histeria. Jogamos os búzios e, a depender disso, encaminhamos a pessoa para mergulhar nos mistérios do candomblé ou para o divã de um psiquiatra.
8. A religião Afro-Brasileira é a expressão e a procura constante da harmonia entre os homens e entre os diversos domínios da natureza e da existência cósmica e humana. A revolta representada por Njila faz parte desta procura ele introduz a desordem para restabelecer a harmonia rompida.
9. Um terreiro de candomblé tem sua gente, seu pedaço de terra, suas técnicas tradicionais de trabalho, seu sistema de distribuição e de consumo de bens, sua organização social, bem como seu mundo de representação.
10. Os nkices são forças que governam o mundo em nome de Zambi, atuando em vários níveis da realidade. No nível cosmológico os nkices representam elementos da natureza, ou poderes primordiais: o ar, á água, o fogo, a terra, a natureza, a civilização. Estão associados as funções sócias ou naturais, tais como ofícios mecânicos, caça, justiça, guerra, maternidade, è geralmente identificados como antepassados míticos. Representam finalmente estereotipo das personalidades, possuem um temperamento próprio, que seus devotos reproduzem e constituem um dos elementos da pessoa humana.
11. Njila introduz a desordem no mundo divino e humano a serviço da continuidade da ordem cósmica e social, é porque no pensamento africano a continuidade do sistema implica na necessidade dinâmica de mobilidade e manipulação. Njila mantém a continuidade da ordem, submetendo a está dinâmica. Desta maneira, o universo é concebido com um complexo de forças que se defrontam, opondo-se ou neutralizando. O equilíbrio atingindo na configuração dos sistemas não implica em harmonia estática e estruturada, mas é sempre uns equilíbrios instáveis, dirigidos por principios dinâmicos e estruturantes. Njila é este principio. Ele representa e transporta o axé (força sagrada). O axé designa, em nagô, a força vital que assegura a existência dinâmica, permitindo o acontecer e o devir. Njila representa esta força encontrada em todos os elementos animados e inanimados e define a ação e a estruturas desses elementos. Ele transporta o axé mantendo a intercomunicação entre os diferentes domínios do universo. A força vital é única e vários são as suas manifestações. Njila é ser a força que participa e pertence a todos os domínios existentes.
Tata Gongofila.