sábado, 25 de maio de 2013

A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NO FOLCLORE


  Para o Brasil, são imensas e ainda hoje incomensuráveis as contribuições de mulheres e homens oriundos da África (de Cabo Verde à África do sul, na Costa Atlântica e Moçambique, na Costa do Índico, do interior do continente africano) das nações jla, courá, mina, nagô, ewe ou jej, hauçá, exanti, mup´r, bornu, gurunxe, fulá, malê, cabinda, benguela, congo, angola, macua, angico,sentys, berbere, jalofo, felupe, mandinga etc.
  O folclore é entendido como o conjunto de manifestações espirituais, materiais e culturais de origem popular, transmitidos via oral ou pela prática de geração em geração. Compreende, assim, as tradições, festas, danças, canções, lendas, superstições, comidas típicas, vestimentas e artesanatos-cultivados especialmente pelas camadas populares. A escravidão foi responsável pela contribuição africana para o folclore, principalmente por que os negros eram trazidos de diversas áreas do velho continente. A cultura imaterial (danças, festas, contos, lendas e religiões) é bem variada. Na dança destaca-se:
  Coco:  também denominado “bambelô”, é muito dançando da região praiana do Nordeste, sobretudo Alagoas. É uma dança de roda, cuja coreografia é mais um sapateado, acompanhado de plantas
  Frevo:  teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “fervura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano.
  Moçambique:  frequentemente executado em São Paulo, Minas Gerais, e no Brasil Central. Os participantes formam uma esteira de losangos com bastões, pulam, agacham, e sacodem, sem tocar nos bastões. Enquanto dançam e louvam aos santos, em solo e coro. Considerado por alguns folcloristas uma dança, por outros um folguedos (ou festa popular)
  Maracatu: é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão. Atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco.
  Capoeira: trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exterminar Palmares, os escravos foragidos aplicavam os movimentos da capoeira como recurso de ataque e defesa. O capoeirista era considerado um marginal, um delinquente. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.
  Afoxé:  cabaça coberta por uma redinha de malha, em cujas intersecções se colocam sementes ou conchas.
  Atabaque:  espécies de caixa alta, com couro somente na abertura de maior diâmetro, que se percute com as mãos.
  Agogô:  par de campânulas ou sinetas sem badalo, de ferro, conectadas por uma haste encurvada, do mesmo material, que se percute com uma baqueta de madeira ou ferro.
  Berimbau:  arco de madeira retesado por corda de arame, com uma cabaça aberta presa à parte inferior externa do arco, tocado com uma vareta de madeira e com o dobrão (peça de metal), com acompanhamento do caxixi.
  Caxixi : tambor cilíndrico, com couro em uma só abertura, em cujo centro está preso uma vareta de madeira, que friccionada com um pano molhado ou a própria mão produz o som.

COLETANEA TATA GONGOFILA

A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CULINÁRIA


   Os africanos, na ausência de uma unidade linguística, já que provinham de diferentes povos, foram praticamente obrigados a criar uma em comum para que pudessem se entender.
   A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria, e notada principalmente no vocabulário relacionado à culinária e à religião e também do quimbundo angolano, em palavras como caçula, cafuné, moleque, maxixe e samba, entre centenas de outros vocábulos.
Na culinária
    É impossível falar da influência dos africanos sem lembrar a herança que eles deixaram para a nossa alimentação. Acarajé, mungunzá, quibebe, farofa, vatapá são pratos originalmente usados como comidas de santo, ou seja, comidas que eram oferecidas às divindades religiosas cultuadas pelos negros. Hoje, porém, são dignos representantes da culinária brasileira.
   As negras africanas começaram a trabalhar nas cozinhas dos Senhores de Engenho e introduziram novas técnicas de preparo e tempero dos alimentos. Também adaptaram seus hábitos culinários aos ingredientes do Brasil. Assim, foram incorporados aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o cuscuz, a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas e feita a partir das sobras de carnes das refeições que alimentavam os senhores; o uso do azeite de dendê, leite de coco, temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres de pau. Os traficantes de escravos também trouxeram para o Brasil ingredientes africanos como é o caso da banana, ícone de brasilidade mundo afora e da palmeira de onde se extrai o azeite de dendê.
   Em síntese, todos os pratos vindos do continente africano foram reelaborados, recriados, no Brasil, com os elementos locais. O dendê trazido pelos portugueses para queimar em lamparinas e iluminar as noites escuras do novo continente logo foi parar na panela das mucamas.

COLETANEA TATA GONGOFILA

Orixá Iroko

No Brasil, Iroko é considerado um orixá e tratado como tal, principalmente nas casas tradicionais de nação ketu. É tido como orixá raro, ou seja, possui poucos filhos e raramente se vê Irôko manifestado. Para alguns, possui fortes ligações com os orixá chamados Iji, de origem daomeana: Nanã, Obaluaiyê, Oxumarê. Para outros, está estreitamente ligado a Xangô. Iroko também guarda estreita ligação com as ajés, as senhoras do passaro. Seja num caso ou noutro, o culto a Irôko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias.
No Brasil, Iroko habita principalmente a gameleira branca, cujo nome científico é ficus religiosa. Na África, sua morada é a árvore iroko, nome científico chlorophora excelsa, que, por alguma razão, não existia no Brasil e, porém recentemente fora constatada a existência de 6 árvores deste tipo raro, 1 no Gantois em Salvador, 1 no Ilê Obá Nila no Rio de Janeiro, 1 no Terreiro Caxuté em Valença /Bahia,1 na Casa Branca do Engenho Velho também em Salvador, as demais não foram confirmadas sua originalidade ainda, apesar dos relatos.
Para o povo yorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás. No entanto, originalmente, Iroko não é considerado um orixá que possa ser "feito" na cabeça de ninguém.
Para os yorubás, a árvore Iroko é a morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como "abiku" e tais espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se vêem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se faça oferendas a Oluwere aos pés de Iroko, para afastar o perigo de que os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete noites o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado.
O culto a Iroko é um dos mais populares na terra yorubá e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem.
Iroko está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos.

COLETANEA TATA GONGOFILA

Ojá - Pano para cobrir a cabeça


Ojá tipo de torço ou turbante usado na cabeça nas religiões tradicionais africanas, religiões afro-americanas, religiões afro-brasileiras, podem ser de vários tipos:
Ojá de abian e iaô, é uma tira embainhada de mais ou menos dois metros de comprimento por trinta centímetros de largura, feitas de tecido morim ou cretone sempre branco que à cor de Oxalá.
As iyalorixás, egbomis, e equédis, podem usar um ojá simples durante os afazeres diários, mas são mais elaborados com enfeites de rendas nas pontas ou mesmo bordados de richelie. Geralmente são de cor branca mas poderão ser coloridos também. Nas festas costumam usar na cor do Orixá que está sendo homenageado.
Os babalorixás de algumas nações também usam ojás simples e brancos normalmente para os afazeres diários e mais sofisticados durante as festa também variando a cor conforme o Orixá que está sendo homenageado. Mas nem todo babalorixá gosta de usar ojá por achar um tanto feminino, como o objetivo é manter a cabeça coberta, esses optam por um gorro, boné, uma boina parecida com um solidéu, o gorro africano que cobre até acima da orelha, denominado de filá e outros usam um quipá judaico.
Os Ogans só usam ojá durante as obrigações internas, no barracão durante as festas usam um boné geralmente de cor branca.
Este ojá na nação Angola chama-se Aladori que é o mesmo pano para cobrir o mutuê.

COLETANEA TATA GONGOFILA