quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

LENDA NKICE KAVUNGO - NSUMBO

Nsumbo Vermelho, Preto E Branco

Logo após o mundo ser criado por nzambi, zumbaranda volta ao duilo (céu) e se insinua a lembarenganga, mas o mesmo que desposava Kaiá não respondeu as insinuações. Zumbaranda então lançou mão de vinho de palma e logo serviu a lembarenganga que não demorou a cair nos encantos de zumbaranda.

Depois de haver conseguido o que queria zumbaranda desceu ao iungo sabendo que mesmo proibido levara consigo uma semente de lembarenganga, dirigindo-se ao norte quando em meio a sua jornada deu a luz a um ser do amor proibido.

Sabendo disto zumbaranda deixou o ser sob o sol escaldante e areia quente, lembarenganga que sempre consultava o oráculo através de nkuku-a-lunga, ficou sabendo que um ser havia nascido do amor proibido com zumbaranda. Lembarenganga então pediu para que Kaiá fosse ao encontro deste ser e o transportasse ao duilo, como a areia quente abrira varias chagas no pequeno ser lembarenganga pediu para Kaiá lava-lo e que daquele dia em diante se tornasse sua mãe criadeira.

Kaiá então sacudiu o pequeno ser pois muito pó havia em seu corpo e o lavou em suas águas... O que Kaiá não esperava é que o pó saído do corpo do pequeno ser caira sob o iungo dizimando chagas e fogo selvagem sobre os humanos que habitavam o iungo, pois anunciava a chegada daquele que era o dono da varíola.

Lembarenganga ordenou a Kaiá que mandasse água sobre o iungo, pois só assim aquela poeira acalmaria e a resistência da varíola diminuiria... Criado por Kaiá o pequeno ser se tornou bondoso e ao mesmo tempo temido por trazer marcas terríveis de seu passado.

Um dia desceu ao iungo (terra) pois queria ter seu próprio reino, e montou o seu exército vestindo-se de vermelho e fazendo expedições pelos 4 cantos do iungo destruindo tudo e todos que encontrava a sua frente, pois carregava uma lança feita de madeira que tornava cegas, mudas ou mancas quem por ela fosse atingida.

Seu corpo era tão quente marcado por chagas, que quando se lavava o vapor que saia do seu corpo logo atingia os seres humanos que se aproximavam.

Em meio a sua batalha por conquistas de terras, recebeu a notícia que sua mãe verdadeira aquela que andava acompanha da de cobras (talvez representavam as primeiras criaturas emergidas do seio do iungo) havia morrido, dizendo algumas palavras de descontentamento, passou sobre a sua roupa vermelha uma tarja preta em sinal de luto.

Ao norte vivia um povo que ao saber que se dirigia para lá o guerreiro que fazia sofrer não só o corpo, mas o espírito, pois a chaga que cobria o corpo daquele atingido pelo pó ou mormaço queimava até mesmo o seu interior.

Procuraram um sacerdote de nkuku-a-lunga e ele lhes disse:

- Façam uma oferenda de massango (pipoca) e o guerreiro se acalmará, o povo então fez a oferenda e saldaram a chegada do guerreiro que acostumado só a hostilidades e desconfianças, mandou construir um castelo e passou a viver em paz em meio a um povo que soube acolher e respeitar a sua força.

Sobre a sua roupa vermelha colocou outra tarja desta vez branca em sinal de paz. O pai da varíola teve a segunda geração que trouxe a desinteria, vômito, pragas incuráveis e inchaços que matam, a terceira geração trouxe a lepra que cortava as mãos e os pés...

E quando alguém morria de tais doenças seus bens e corpos passavam a pertencer aos seus sacerdotes.

Ficaram algumas proibições:

Não se deve ir ao rio quando o guerreiro estiver se lavando.

Não se deve sair ao sol do meio dia sem levar consigo um talismã.

Nunca ofereça a ele um antílope, cobra, carneiro ou sosogulo (peixe de escamas atravessadas), nem sirva para alguns de seus descendentes vinho de palma e galinha de angola.

Não sei quanto a vocês, mas eu vou manter sempre massango em meu abaça para acalmar este temível guerreiro.

Malembe tateto do iungo

Ke ambote insumbo

COLETÂNEA TATA GONGOFILA