Como é comum em todas as "Casas" que tocam Candomblé, na "Nação de Angola", o ritual de barracão se inicia com cânticos e toques para o Sr. Aluvaiá (Exu).
Antes porém, é necessário colocar no meio do barracão (sambilê), a quartinha com água, as farofas de dendê e mel em recipientes de barro e uma vela (muíla) acesa no meio do barracão.
Fica então caracterizado o presente (Padê) para que Aluvaiá tome conta da casa, afastando todas as negatividades e fazendo com que todo o restante do ritual se desenrole dentro de paz e harmonia. Em volta desta oferenda, os mais graduados da casa de preferência filhos de Tateto Njango (Ogun), Tateto Kaviungo ou Kafundeji (Omolu ou Obaluaiê) e Mameto Mulengue (Iansã) dançaram as cantigas executadas em louvor a Aluvaiá. Inicia-se aí o ritual para despachar Aluvaiá (Exu).
Após o mínimo de sete ou nove cantigas levante a oferenda (padê) saudando com ela, Aluvaiá, nos quatro cantos do sambilê (barracão). No centro e nos atabaques e finalmente em direção a porta de entrada, por onde sairão até o portão principal e lá finalmente despacharão para esquerda, direita e em frente o Padê, pedindo proteção ao Sr. Aluvaiá para os trabalhos que estão iniciando naquele dia.
Já vê volta ao barracão, a cantiga a ser entoada é a seguinte: "Santo Antônio amarra o nego, amarra bem amarrado, Santo Antônio amarra o nego, Amarrai meus inimigos".etc. As demais cantigas que compõem ritual de "abertura de uma casa de Angola serão informadas na parte referente aos cânticos para os Nkices.
É muito importante também que se observe a escala ou ordem para se cantar para os Nkices que inicia com Tata Aluvaiá (exu) e encerra com Tateto Lembaranganga (Oxalá).
Para que Aluvaiá ou outro nkice (santo, orixá, bacuro e etc.) fique satisfeito é necessário que se cante pelo menos sete cantigas para cada um. Elas se dividem em três estágios:
a) Cânticos para chamar o nkice,
b) Louvores, exaltações e súplicas durante a sua permanência em terra e,
c) Cânticos para sua despedida.
Obs: Para os caboclos (juremeiros), também se deve observar a mesma sequência de significado das cantigas, como é feita para os Nkices. Existe entre as cantigas para o nkice uma seqüência de execução, para evitar que antes mesmo de chamarmos o nkice a terra, já estejamos mandando ele ir embora.
É importante também que conheçamos alguns nomes dos ritmos das cantigas para, se possível, dentro desta seqüência, possamos manter o mesmo ritmo, conservando desta forma, a eloqüência dos atabaques que transmitem freneticamente aos presentes a energia positiva, facilitando a chegada do santo (nkice), sem ter que parar ou mudar de ritmo.
Nos outros estágios já citados, deve-se manter o mesmo critério de execução. Nos Candomblés de Angola os ritmos mais usados são: Congo, Congo de Ouro, Muxicongo, Cabula, Barravento, Muzenza, Rebate, Quebra prato (Matamba) , Congolandê (Tateto Kaviungo ou Kafundeji) e o três Alujás para Zaze (Xangô) , estes três últimos executados exclusivamente com as mãos tocando diretamente o couro dos atabaques, não usando em hipótese alguma as varinhas ou agdavis usados nas casas de origem Yorubanas ou Jêjes.
Após esta explanação, imaginamos que tenha ficado claro o nosso propósito de passar para os nossos irmãos interessados, uma maneira de se fazer um Candomblé de Angola sem correr o risco de trocar cantigas ou ritmos que ocasionariam problemas de ordem espiritual entre as matérias e os Nkices durante o "toque". Mas quais tipos de problemas poderiam acontecer?
Observe se de repente em meio a uma série de cantigas ditas de barracão, alguém, por ignorância (falta de conhecimento), ou até mesmo por maldade, canta uma toada de sirrum (axexê) ou até mesmo uma cantiga errada.
Logicamente este ato praticado, trará sérios problemas para o barracão. É bom frisar que cantar para o santo não é tão fácil como se parece, seja qual for o ritual. Trata-se de uma grande responsabilidade, é preciso que se aprenda corretamente a pronúncia e significado das palavras.
Lembramos que entre as toadas de Angola, existem uma grande variedade em Português, todavia isto, não significa que seja ponto de Umbanda como muitas pessoas sem conhecimento de causa tentam deturpar pelo simples fato de desfazer da Nação Mãe ou porque ouviram falar.
Tal fato se explica por causa das colônias africanas pertencentes a Portugal, que além do seu dialeto tribal, o que muitas delas nem tinham (comunicavam-se por gestos), serem obrigadas a aprender e falar o português e aceitar a religião imposta por seus colonizadores.
Todavia, não se há de estranhar tal fato, até porque os outros segmentos de Candomblé de origem Yorubana tem em suas cantigas, palavras em português; ex: "Ogum Pererê ta no Poço cadê? Ogum Pererê ta no Poço Decá..., o que não é de se estranhar já que todas as tribos,independente de facção, , foram trazidas pelo mesmo colonizador que foi Português.
O dialeto falado nas casas de Candomblé de angola no Brasil, é o Kiribum da tribo Kassange. A própria palavra "Umbanda" faz parte do vocabulário Kiribum bem como outras muito usadas na referida Linha. Exemplo: Mutuê = Cabeça, Cacurucaia = velha, Menga = Sangue e etc. Existem outros dialetos pertencentes a Nação de Angola, perfazem um total de 274 dialetos.
Os kassanjes como alguns outros, falam o quimbundo (segunda língua profana mais falada em Angola (20%), antecedida pelo umbundo (26%), e pela língua portuguesa que é a língua oficial do país. Cargos de Santo dentro dos Terreiros De Angola.
Tata ria nkice - (Pai de santo, Babalorixá, Dote).
Mameto ria nkice - (Mãe de Santo, Yalorixá, Doné).
Tata Ndengue - (Pai pequeno)
Mameto Ndengue ou Kota Tororó - (Mãe pequena)
Tata Nganga - Jogador de Búzios.. Kissicarangombe - (Ogans).
Tata Kambuí - (Alabê). Tata Kambondo - Braço direito do Tata de nkice.
Tata Kivonda - (Axogum, Atoaxogum ou Mão de faca). Tata Kinsaba - (Babalossain, Colhedor de folhas litúrgicas)
Mametokinsaba - (Yalossaim, Colhedora de folhas litúrgicas).
Makota - (Ekedi). Kutala - Herdeiro (a) da casa.
Kota - (Mais de sete anos com as obrigações em dia).
Mona nkice - ( Filho(a) de santo).
Muzenza - Iniciado(a) (yaô) até os 6 anos de santo. Ndumbe (Angola) ou Abiam (Kêto). filhos ainda não feitos no santo.
COLETANEA TATA GONGOFILA (TATA ANANGUÊ DE N'GOLA DJANGA RIA MATAMBA)
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