Os africanos, na ausência de uma unidade linguística, já que
provinham de diferentes povos, foram praticamente obrigados a criar uma em
comum para que pudessem se entender.
A influência africana no português do Brasil, que em alguns
casos chegou também à Europa, veio do iorubá, falado pelos negros vindos da
Nigéria, e notada principalmente no vocabulário relacionado à culinária e à
religião e também do quimbundo angolano, em palavras como caçula, cafuné,
moleque, maxixe e samba, entre centenas de outros vocábulos.
Na culinária
É impossível falar da influência dos africanos sem lembrar a
herança que eles deixaram para a nossa alimentação. Acarajé, mungunzá, quibebe,
farofa, vatapá são pratos originalmente usados como comidas de santo, ou seja,
comidas que eram oferecidas às divindades religiosas cultuadas pelos negros.
Hoje, porém, são dignos representantes da culinária brasileira.
As negras africanas começaram a trabalhar nas cozinhas dos
Senhores de Engenho e introduziram novas técnicas de preparo e tempero dos
alimentos. Também adaptaram seus hábitos culinários aos ingredientes do Brasil.
Assim, foram incorporados aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o
cuscuz, a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas e feita a partir das
sobras de carnes das refeições que alimentavam os senhores; o uso do azeite de
dendê, leite de coco, temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres
de pau. Os traficantes de escravos também trouxeram para o Brasil ingredientes
africanos como é o caso da banana, ícone de brasilidade mundo afora e da
palmeira de onde se extrai o azeite de dendê.
Em síntese, todos os pratos vindos do continente africano
foram reelaborados, recriados, no Brasil, com os elementos locais. O dendê
trazido pelos portugueses para queimar em lamparinas e iluminar as noites
escuras do novo continente logo foi parar na panela das mucamas.
COLETANEA TATA GONGOFILA
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