PSIQUIATRIA E CANDOMBLÉ
Trechos da entrevista concedida por Mãe Stella à Dra. Solange Rubim de Pinho sobre o tema psiquiatria e candomblé, em 04 de maio de 2001.
O candomblé incorpora, funde e resume as várias religiões do negro africano. Há sempre um pequeno altar com imagens e registros, mas os seres que vem ao terreiro são deuses africanos, como Ogum, Oxossi, Xangô, Omulu, Oxum e outros. Nele, os antepassados se divinizam através dos orixás e realizam a comunhão espiritual entre os vivos seus ancestrais. Não se trata de uma comunhão simbólica como no Catolicismo, nem acidental como a dos mortos no Espiritismo. Aqui, os dois mundos se confundem. Os deuses e os mortos se misturam, ouvem suas queixas, aconselham, dão remédio para dores e consolos, o mundo celeste não esta distante nem superior, ele pode conversar com cada um que esta entre nós.
As divindades naturais da África não têm representação antropomórfica.
Elas são representadas pelas forças da natureza: fogo, pedra, arvore ar, água doce (rio) e salgada (mar)...
São, portanto, características da religião: o culto aos antepassados, a crença na sobrevivência da alma, a diminuição da ansiedade frente a morte, a força do sobrenatural. Eis a razão do extraordinário vigor do candomblé.
Originalmente, a palavra Candomblé foi usada com referencia aos cultos jeje-nagôs na Bahia. Mais tarde foi estendida para os outros cultos de origem africana, a exemplo dos do Candomblé Angola e de Caboclo.
Identificação dos Transtornos Psiquiátricos
Stella: Veja bem, creio que cada um de nós tem uma neurose, não é? Pequena neurose. Mas quando a coisa ultrapassa e a medicina não tem condições de resolver esse problema, é sinal que existe algum fato espiritual. Daí, não que nos sejamos curandeiros, mas o nosso trabalho é equilibrar a mente, é equilibrar o psíquico da pessoa, espiritualmente, e quem este equilibrado é evidente que não tem estes distúrbios. O nosso cuidado é esse. Agora, nós cuidamos como? Nós equilibramos com rituais, é justo porque tudo nosso é ritual, com banhos, com ebós que são oferendas que fazemos. E nós aqui não usamos tratamento de ingerir coisa nenhuma, aqui só se bebe acaçá, que o milho branco, durante o recolhimento do Yaô, tem casa que trata os Yaôs com ervas para acalmar com cidreira, capim santo etc..
Usamos banhos que chamamos de limpeza, alem dos ebós. E, mais ainda, agente tem de acreditar em alguma coisa, saber que existe e acreditar, isso nos segura bastante.
Porque se você se acha solto no mundo, evidente que vai ficar neutorico vai entrar para a loucura, porque se sente desprotegido. E você tendo o seu guia, o seu orixá, o seu protetor espiritual, é diferente. É evidente que é uma coisa que você não vê, mas sente que ele esta com você.
Muitas pessoas procuram uma casa de culto aos orixás pedindo que queiram rapidamente que o marido volte para casa, que o filho passe no vestibular, mas não é nada disso. Vamos-nos cuidando espiritualmente do ori, que seria o nosso cérebro espiritual, e a gente como o ori fortalecido fica imune a determinadas coisas, a que vocês chamam de neurose.
Identificação do tratamento a ser orientado.
Stella – Quando é distúrbio físico, é normal que a medicina cure. Mas, quando é fraqueza espiritual, como nós chamamos, tem de ter a intervenção das coisas de orixá. Daí, já tenho tido exemplo de gente de chegou aqui para ser iniciada até na loucura, andando por ai sem roupa: depois que fez a obrigação, curou-se, e até hoje não teve mais nada. Já fiz também obrigações para outras que tinham distúrbios psíquicos e essas melhoram, mais não ficaram boas. É sinal de que não era uma coisa espiritual, era uma doença física, ela tinha um distúrbio lá que não sei, de loucura mesmo.
Quando a coisa é espiritual, nos aqui, com as nossas praticas que não são remédios, nos conseguimos dar um alivio á pessoa.
COLETANEA DO TATA CONGOFILA.
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