quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A morte segundo visão de algumas tribos bantu


A MORTE ( O KUFA)
A crença bantu numa vida futura aparece clara e firme.Vivem dependentes do mundo invisível e tem que se comportar com retidão para ganhar a companhia dos antepassados.Pois sem a convicção da sobrevivência pós-morte ficariam desmoronados os pilares da cultura bantu.
Nos túmulos pré-históricos se encontram restos de oferendas e sacrifícios aos antepassados.V~e com muita clareza que deve dar-se uma continuidade ontológica depois da morte. A vida palpitante em cada pessoa demostra e exige um caudal ancestral.
Não esperam encontra-se com Deus.por isso não anseiam por um céu,como também não temem um inferno.
Desconhecem a idéia de um juízo final,nada deve esperar ou temer de Nzambi.Parece que Nzambi terá ligado a retribuição as leis naturais da participação vital,que informa a ética.
Os castigos e recompensas recebem-se sobretudo nesta vida,e são enviados pelo mundo invisível.Sabe-se que os antepassados rejeitam os que infrigiram gravemente a ética tradicional.Possuem,pois,a noção de retribuição individual e adimitem a probabilidade de um juízo realizado pelos antepassados.
Acreditam na permanência de um princípio vital que perpetua a personalidade de cada Mutu(indivíduo) e origina uma nova maneira de ser e de existir.Ficam sempre ligado aos dois mundos porque este princípio existencial assegura a participação vital.
Todavia, falam de "Kùfá"(morte)quando o vumbi(defunto)não deixou descendência. Ninguém se recordará dele porque não há laço vital com nenhum vivo.não revive pela procriação,finalidade primária de sua existência.O antepassado possuirá tanto maior vigor,quantos mais descendentes deixou.
Como a Morte põe termo ao desejo inato de viver do existente-vivente,o bantu tentou solucionar assim o dilema:"Um homem desaparece como indivíduo,mas o seu existir de vivente continua na sua descendência".
Por isso o maior mal do homem é morrer sem descendência.
Fica privado do seu fim último: "O de existir como vivente nos seus descendentes".
Em certas tradições afirmam,que depois de um certo tempo,há uma seleção na aldeia dos mortos.É a segunda morte,aqueles que os parentes deixaram de oferecer sacrifícios,cuja recordação se apagou na memória dos homens e cujas obras não testemunham um passado glorioso,morrerão pela segunda vez e partirão para uma aldeia situada no mais profundo da terra...Não é um lugar de sofrimento.É um lugar de repouso para os "Antepassados Felizes",cuja massa anônima se desvanece a noite.
Quase todos os antepassados, decorridos duas a três gerações passam,como é natural,ao esquecimento.Segundo alguns, caiem num letargo do qual nunca mais sairão,embora não chegue ao aniquilamento.
Os antepassados são mantidos pujantes pelos sacrifícios,oferendas e recordação dos vivos.
Depois dos ritos fúnebres(NTAMBI/TAMBI), o vumbi(morto)não adquire uma situação definitiva,vai-se desenvolvendo um lento processo até que fica situado no estado de antepassado. Daí que fiquem nitidademente jerarquizados.
 
CULTURA TRADICIONAL BANTU
Pesquisado Por:Walter Nkosi
Coletanea Tata Gongofila

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