quinta-feira, 8 de abril de 2010

BANTO


Conjunto de populações da África sul-equatorial (com exceção dos bosquímanos e dos hotentotes), de línguas da mesma família, mas com traços culturais específicos (na África do Sul todos os povos negros são chamados banto, em oposição aos brancos, coloreds e asiáticos). Numerosos foi o contingente de escravos bantos trazidos para o Brasil. A influência por eles exercida sobre costumes, religião e superstições nacionais foi profunda e marcante. Trouxeram muitas lendas, mitos e tradições; sua contribuição folclórica e etnográfica frutificou e reforçou os elementos já existentes no Brasil, através de sua participação entusiástica e predileção viva pelo canto e dança coletivos. Os indígenas também possuíam esse encanto pelas danças de roda, instrumentos de sopro e cantos, mas o negro valorizou essas constantes no seio da sociedade em formação. Não é, pois, privativo e originário do africano tudo quanto recebemos por seu intermédio, mas indubitavelmente foi ele precursor mais poderoso e decisivo, depois do português. O nome bantos compreendia todos os negros africanos que outrora abasteciam o mercado de escravos do Brasil. Sua popularidade afirmou-se no século XVII, nas agremiações e irmandades de Nossa Senhora do Rosário, quando os negros passaram a tomar parte ativa nos autos populares. São bantos os préstitos do maracatu do carnaval pernambucano e as congadas vistas em todo o território brasileiro. A cuíca e o berimbau-de-barriga foram por eles trazidos da África; a capoeira, tanto quanto o complexo etnográfico do samba, também deve a eles sua difusão no Brasil. O ciclo do quibungo, circunscrito à zona litorânea da Bahia, é exemplo de sua contribuição à tradição oral brasileira.
Grande Enciclopédia Larousse Cultur

Os africanos de maioria bantu (durante os dois primeiros séculos do tráfico dos negros), largamente assentados na região nordeste do Brasil (Alagoas, Pernambuco, Maranhão), no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, utilizados na lavoura e pastoreio, pois já na África eram grandes criadores e cultivadores do solo, além de serem mestres na fundição de metais, influenciaram em todas as áreas a cultura do país nascente, que nascia sob o fertilizado solo regado pelo suor da pele negra, e sob a riqueza gerada pelos músculos africanos. Alguns historiadores defendem que os africanos que desembarcaram na Bahia eram da África sudanesa (Yorubás, dahomeanos, malês...), e que em muitas lutas de resistência se refugiavam em quilombos baianos. O que se tem certeza é que os primeiros a chegarem por aqui, quando a escravidão era mais desumana, foram os bantu.

Na religião não foi diferente. Influenciaram e foram influenciados. Ou conscientes, ou por aproximação de cultos e tradições, ou por necessidade de recriar seu universo mítico, se amalgamaram às novas experiências e resistiram aos valores religiosos dos escravizadores.

A própria concepção de Nzambi ou Nzambi-Mpungo para os bantu, a quem se chama, no Ocidente, Deus – Nzambi: o que fala; Nzambi-Mpungo (ou ainda Zambiapungo):

aquele que, por excelência, fala (Mpungu é uma ave que voa muito alto, fornecendo, deste modo, a derivação semântica de “maior”, “eminente”, “excelente”) Os bantos (bantu) são povos que habitam a África do Sul Equatorial. Falam dialetos diferentes (a língua é igual) e pertencem a etnias diferentes. Cerca de 274 dialetos e línguas são falados. A influência dos bantos invadiu a cultura brasileira, trazendo sua mitologia, culinária, religião além de elementos folclóricos como a congada, recordando a rainha Ginga de Angola; o maracatu de Cambinda Velha; a capoeira e o primitivo samba (semba).
Entre os grupos que se identificam nas “Nações” acima, temos as variantes que trafegam entre uma e outra, como, por exemplo, os que se identificam como “Nagô-Vodum”.

E a nação Angola/Angola-Congo ou Muxicongo, que tem como base lingüística o kimbundo e cultua Nkisi/Mukixi. Esta com seus ritos fundamentados nas tradições e cosmogonias mantidas a duras penas pelos antepassados bantu, vindos de muitos povos distintos como ngola, cambinda, lunda, makuá, kassange, essange, munjolo, rebolo, angico, e povos menores originários da contra-costa, além, é claro, da influencia de outros povos africanos, como os yorubás e ewe fom, formando assim tradições diferente, dentro do prórpio grupo conhecido como Candomblé de Angola, como Tumba Nsi, Tumba Junsara. Bate-Folha, Angolão, Angola Paketá, Kassange, Angola da Mariquinha e Goméia (que apesar de forte influencia yorubana, se identificava como angoleiro e seu fundador, o Sr. Joazinho da Goméia, foi considerado por muitos como o Rei do Candomblé no Rio de Janeiro).

COLETÂNEA TATA GONGOFILA

A RODA DO MUNDO - DEFINIÇÕES DE BANTO, IORUBÁ E OUTRAS CULTURAS

Da África os negros trouxeram seus costumes, religiões, trajes, técnicas e idiomas. Quer dizer, os africanos possuíam uma cultura que, através dos escravos, se transmitiu ao Brasil. Por este motivo é que encontramos tantas influências africanas em diversas regiões brasileiras e mesmo algumas contribuições que se estenderam a todo o país. Tal é o caso do samba, dança de origem congo-angolana e que se transformou em um ritmo nacional.

Como os escravos provinham de regiões diversas, também diferentes eram as suas culturas. Os povos de cultura mais adiantados, eram principalmente os dos grupo iorubá. É o caso dos povos que vieram da Nigéria, do Daomé e de Gana. Estes falavam nagô, língua que deixou numerosas palavras no português que falamos no Brasil. Também influenciaram na culinária, especialmente nos pratos da cozinha baiana, como o vatapá, o caruru,o acarajé e o uso do azeite-de-dendê. Como os escravos iorubanos já conheciam o emprego dos metais, sua contribuição foi muito importante na atividade mineradora. Outra influência muito importante e bastante espalhada no Brasil é a que se exerceu sobre os cultos religiosos, os quais aqui, notadamente nas camadas mais humildes da população, resultam da mistura de crenças africanas e cristãs. No filme O Pagador de Promessas, o personagem principal acreditava que Santa Bárbara e Iansã, divindade africana, eram uma só pessoa. O mesmo aconteceu com outros santos da Igreja Católica, que os escravos procuravam confundir com os seus orixás ou deuses.

A festa, bastante popular, em que se distribuem doces às crianças no dia dos santos Cosme e Damião tem origem africana. O costume veio da confusão entre esses santos cristãos e os orixás chamados Ibejis, que protegiam as crianças.

Entre os grupos sudaneses havia alguns que se converteram à religião maometana. São os de cultura negro-maometana e, por isso, muito influenciados pelos árabes. É o caso do traje conhecido como baiana, onde o turbante, os balangandãs, o pano-da-costa indicam contribuições árabes.

Outro grupo muito importante foi o banto. Era formado pelos negros vindos de Angola, Moçambique e do Congo. Além de outras contribuições, eles trouxeram o samba, o batuque, instrumentos musicais, o esporte da capoeira e numerosas palavras.

Foi por influência africana que vários termos e expressões vieram enriquecer a nossa língua. Tal é o caso de caçula, indicando o filho mais moço; careca, mais usado do que o português calvo, ou, cochilar, que praticamente substituiu dormitar.

Texto retirado da Enciclopédia Delta de História do Brasil, de Colônia a Nação.
COLETÂNEA TATA GONGOFILA