quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A CULTURA DOS VODUNS


A palavra vodum é de origem Ewe/Fon (Jeje) e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados.
No século XVIII o rei Agajá de Dahomé consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando uma “sociedade espiritual dos Voduns”onde pessoas especiais eram preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do reino mineral.
Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomé, lá não existia o culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que atormentavam o seu reino e o seu povo. Solicitou, portanto, a presença de  um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos.
A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu seus templos. Com isso Dahomé passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito.
No período do tráfico negreiro, muitos daomeanos foram levados para o Novo Mundo e com eles a cultura e o rito dos Voduns.
Os Voduns cultuados no Brasil são originários da África, sua práticas e tradições se mantiveram intactas como era no Dahomé (hojel Benin) desde o começo dos tempos.
Com a escravidão, a nação Jeje sofreu baixa quanto a preservação de sua cultura. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.
Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens, identidade e levantar a bandeira da nação.
Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam a passar seus conhecimentos e não deixar que sua cultura se perca.
E uma coisa que se deve aprender é a diferença entre Voduns e Orixás - Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, etc.
Assim como na África, também no Brasil, os Orixás são cultuados dentro dos templos de Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros e são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois tipos de divindades (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás onde Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Obaluaê, etc. Esse diferença também é registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.
Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens.
A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias.
No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa.
O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional.

postado por E. M. Nações Unidas
COLETÂNEA TATA GONGOFILA

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