sábado, 18 de outubro de 2008
UM PADRE INICIADO NO CANDOMBLÉ
UM PADRE INICIADO NO CANDOMBLÉ
Importante posição ecumênica deste padre que mostra sua visão sobre o
Candomblé como religião compatível e complementar para o benefício do
ser humano; os exageros da Igreja e sua posição atualizada que resgata a
legitimidade do Candomblé através da Carta de Paulo VI - Africae Terrarum...
Paulo "Olúsinadé" Botas, 56, é padre, teólogo, doutor em filosofia, militante de movimento ecumênico, estudioso, pesquisador e iniciado no Candomblé, como Ogã de Ogum no Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, pela Iyalorixá Stella D'Oxossi. Tem em sua conduta e no seu trabalho uma visão e posição ecumênica, no sentido que as pessoas rompam seus preconceitos em relação às religiões africanas e entendam serem religiões complementares e compatíveis, para o benefício do próprio ser humano. Para tanto, coloca de forma clara e inequívoca, situações que contribuíram para o distanciamento destas religiões co-irmãs, bem como o resgate da legitimidade do Candomblé como religião, dos exageros da Igreja para atingir seus objetivos de religião superior e oficial nos países que entrou com seu processo evangelizador, citando e dando a devida atenção, ao documento oficial do Papa Paulo VI, de 1967, o qual valoriza a religião africana em seu documento oficial - Africae terrarum - Terras das África, no qual reconhece a religião africana como positiva e não mais como religião não-cristã, até mesmo porque Cristo veio ao nosso mundo, alguns milhares de anos após a existência desta religião.Mostra assim, que é Divino as diversas culturas e religiões, nos mais diversos cantos da terra. Nos mais diversos cantos da terra
O PAPA E SEU DOCUMENTO "AFRICAE TERRARUM”
"Em 1967, o papa Paulo VI lançava um documento oficial valorizando a religião africana e a colocando lado a lado das outras religiões universalmente conhecidas. Irônica ou intencionalmente, esse documento não foi suficientemente divulgado e amadurecido pelas comunidades cristãs; o que teria, sem dúvida, aniquilado muitos dos preconceitos e dos dogmatismos das igrejas locais. o mais importante é o fato de o Papa reconhecer a religião africana como positiva e não mais como uma religião não-cristã. Essa mudança de ótica legitima e estimula o reconhecimento da diferença como condição fundamental para um diálogo inter-religioso."A vida espiritual é o fundamento constante e geral da tradição africana. Não se trata simplesmente da assim chamada concepção "animista", no sentido emprestado a esse termo na história da religiões, no fim do século passado. Trata-se, antes, de uma concepção mais profunda, mais ampla e universal, segundo a qual todos os seres e a mesma natureza visível se acham ligados ao mundo do invisível e do espírito. O homem, em particular, nunca é concebido, como apenas matéria, limitado à vida terrena, mas reconhece-se nele a presença e a eficácia de outro elemento espiritual que faz a vida humana ser sempre posta em relação com a vida do além. Desta concepção espiritual, elemento comum importantíssimo é a idéia de Deus, como causa primeira e última de todas as coisas. Esse conceito, percebido mais do que analisado, vivido mais do que pensado, exprime-se de modo bastante diverso de cultura para cultura. Na realidade, a presença de Deus penetra a vida africana, como a presença de um ser superior, pessoal e misterioso. A ele se recorre nos momentos mais solenes e críticos da vida, quando da intercessão de qualquer outro intermediário se julga inútil. Quase sempre posto de lado o temor da onipotência, Deus é invocado como Pai. As preces a ele dirigidas, individuais ou coletivas, são expontâneas e por vezes comoventes. E entre as formas de sacrifício sobressai pela pureza do significado o sacrifício das primícias(...) A participação na vida da comunidade, quer esta seja no âmbito da parentela quer no da vida pública, é considerada como um dever preciso e como um direito de todos, mas ao exercício desse direito se chega somente depois de uma preparação amadurecida, por meio de uma série de iniciações com o objetivo de formar o caráter dos jovens candidatos e instruí-los sobre as tradições e normas consuetudinárias da sociedade". (Paulo VI. Africae terrarum) Muita violência teria sido evitada se os católicos tivessem dado ouvidos e compreendido toda a riqueza dessas palavras do seu líder e pastor máximo. Poder-se-ia ter avançado, e muito, na troca permanente dos valores religiosos. Beber na fonte da tradição religiosa que originou Jesus de Nazaré e o cristianismo. Nada está em contradição. São outros momentos e outras culturas, outra vivências e expressões, outras faces de um mesmo Deus."Eis porque o africano quando se torna cristão não se renega a si mesmo mas retoma os antigos valores da tradição "em espírito e em verdade." (Africae terrarum).
COLETANEA TATA GONGOFILA.
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1 comentários:
bom em fim uma casa seria com.pessoas serias que vivem pro santo e nao do santo fico feliz por ter vcs gente que sao tao dedicados na arte de cuidar de santo .....
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